Guardiã da luz


Sou faca afiada
bisturi cirúrgico
a cortar tua carne
a trazer tuas feridas à superfície...
E não é por que te quero mal
pois te quero tanto bem quanto a mim mesma...
É por que sou teu desafio
a pedra de teu sapato
o pisão no teu calo
a te acordar
te despertar
no depertador inclemente da dor...
Sou tua deusa abrasadora
teu amor e loucura
tua santa e pecadora
a guardiã da tua luz...
E se te abro a carne
viro-te e reviro do avesso
é ainda com amor que te faço...
Para depois lamber te as feridas abertas
aninhar-te em meus braços
cobrir-te com meus beijos
curar-te com meu amor...
Pois que tu também
provoca-me em minha dor
envolve-me em minhas sombras
somente para que eu veja
para que eu cure
as feridas que eu trago na alma
inclementes...
Veja bem meu bem
tu também és
meu deus purificador.

Ana Liliam

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