Dentro de um abraço




O dia dos namorados já passou, mas todo dia é para bem amar...


Martha Medeiros - 12 de junho de 2008


Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria
nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas
praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo
europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa
sala de cinema assistindo à estréia de um filme muito esperado e,
principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco
estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.
Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de
hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num
elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.
E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é
o melhor lugar do mundo?


Meu palpite: dentro de um abraço.


Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher
apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém
solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de
um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor.
Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.
Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um
recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma
situação é incerta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente
em meio ao paraíso.


O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as
suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há
para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz
necessária, está tudo dito.


Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com
um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear,
num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à
beira-mar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa
que você mais ama?


Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro
do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo
se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar
fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é
legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria.
Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local
aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.


enviado por Melu

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