JANES MORREU


Comentar eu sei que vão,
Coisas boas lembrarão,
Era alegre, sempre contente,
Agradável com a gente,
Uma pessoa útil,
Vaidosa, não fútil.
Morreu de tanto pensar...
De tanto filosofar...
Trabalhava com prazer,
Dava gosto de se ver,
Morreu muito valente,
Segurava um pente,
A cabeça pensando...
Cabelos penteando...
Na verdade eu não morri,
Suspirei lá, cheguei aqui.
Cheguei na eternidade,
Onde não se tem idade,
Juventude permanente,
O tempo a gente nem sente.
Sinto-me elegante
Num vestido esvoaçante,
Ao entrar esbaforida
No mundo da nova vida,
Esbarro na maçaneta
Da porta desse planeta
Onde agora vou morar,
Sei que vou me adaptar.
Alguém de repente gritou:
(Até mesmo me assustou)
- Ela morreu de vermelho!
Quero me ver no espelho,
Não é que eu seja fútil,
Mas, perguntei ao arcanjo,
(Grandalhão, não podia ser anjo)
Onde aqui posso me olhar?
Venha você vai gostar.
Veja, uau nada mal,
Me vi bela e bem vestida,
Cara de bem sucedida,
Estava de vermelho,
Me confirmou o espelho,
E sorrindo p’ro Gabriel,
Sei lá, pode ser Rafael,
Como aqui me arranjo
Belo São Miguel,
Manto azul da cor do céu,
Sorridente e elegante disse:
- Você aqui vai se dar bem,
Deixou-me bem confiante
Entrei toda faceira,
Daquela minha maneira.
Como é fácil morrer,
Agora sim eu vou viver.

Autora Janes Sereno Lopes
Do livro Cantada Feminina - A Poesia de Uma Vida;
Editora Clube dos Autores, 20
Faleceu neste sábado, dia 13 de setembro de 2014

Enviado por Regina Valéria

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