Rolando Toro - Creador de la Biodanza




Transcrição e tradução de Adriana

Vídeo Rolando Toro – Creador de la Biodanza

https://www.youtube.com/watch?v=kaBVe2PexUM

Pensei a Biodanza como uma poética do encontro humano, como um modo diferente de relacionar-se em um mundo extremamente solitário, em que as pessoas estão carentes de amor e em que o que mais necessitamos na vida é a ternura.

Talvez a Biodanza tenha nascido do desespero, do desejo de nos redimirmos de nossos gestos empobrecidos, de nossa falta de amor, de nossa solidão.

Uma estética diferente da dança tradicional. O importante era que todas as pessoas pudessem dançar e não apenas os privilegiados, os gênios da dança. Que pudessem dançar a criança, o adolescente, o ancião, o doente, o saudável. Que pudesse dançar o executivo, o político. Que pudesse dançar o professor com seus alunos. Então, se abriu um mundo.

Vivendo com pureza, com naturalidade, o cotidiano em meio ao amor. O amor não é uma palavra já muito gasta. As pessoas, eu creio, não descobriram o significado profundo, essencial, do amor. O amor é muito mais do que amar seu filhote, ou amar seus filhos, ou amar o marido. O amor é uma potência organizadora que há dentro do ser humano e que transcende o individual. Ou seja, o amor tem um sentido global, irradiante, poderoso, integrador, extraordinário.

O amor não é essa coisinha restrita ao individual.

Despertar essa força, que é uma força cósmica, é a finalidade da Biodanza.

A ética nasce da afetividade. A consciência ética é o desenvolvimento de uma qualidade muito refinada do ser humano. Os alunos a alcançam depois de um tempo de fazer Biodanza.

É uma transmutação de valores e essa transmutação só pode ser feita pela afetividade. Essa transmutação individual, esse processo evolutivo das pessoas, consiste em sentir o outro como parte sua. O que acontece ao outro está acontecendo com você.

Quando estão matando os jovens na guerra, estão te matando. Quando estão explorando milhares de operários, estão te explorando. Porque não somos seres isolados. Somos um só conjunto. Estamos muito unidos cosmicamente. Estamos colados uns aos outros. E as pessoas creem muito em sua personalidade, e em sua individualidade, e em seu mundinho, porque não tem a menor evolução. Não tem consciência ética, não tem compaixão, não tem afetividade.

Eu creio que o maior ato politico que existe, o melhor ato político, é o abraço.

Se as pessoas andassem de mãos dadas pelas ruas, solidariamente, encontrando-se, abraçando-se, estariam fazendo política. De forma que o abraço, o beijo, o encontro não são algo tão inócuo. A pessoa que entra nessa cerimônia, entra em um processo de transformação.

E isso está comprovado pela ciência. Está completamente provado. Não é uma hipótese.

A vida está na mulher que amamenta seu filho.

A vida está nos apaixonados que se buscam apaixonadamente e que querem fundir-se.

A vida está no velho que brinca com seus netos.

A vida está no lavrador que cultiva o semeado.

Então, um mundo bélico como esse, um mundo em que foram assassinados milhões e milhões de pessoas (porque este foi o século mais infame da história humana), em um mundo como esse, propor a dança, propor o canto, propor o abraço é absolutamente necessário. Por cada fuzil, por cada míssil, por cada bombardeiro, é preciso realizar abraços, beijos, dança.

Se me dissessem “o que querem os de Biodanza? Querem despertar a energia do amor, a bomba atômica do amor, que alcance a todo o planeta, que se irradie às províncias, aos campos, aos confins do mundo.

Mas eu não vou chegar a ver, seguramente, quando a massa crítica chegue a seu ponto deflagrador. Mas tenho a certeza mais absoluta de que esse ponto vai chegar, e para isso temos centenas de professores que estão lutando, estão lutando-dançando, para alcançar esse objetivo.

Então, eu, quando tenha que me despedir do mundo, irei sem tristeza. Irei com uma imensa fé de que virão tempos melhores. Teremos tempos melhores. Sem massacres, sem competitividade, sem injustiças, sem doenças graves, sem delinquência. Teremos tempos melhores. Não tenho dúvidas.

Porque esse é o destino do homem. O destino do homem não é a onipotência do dinheiro, nem a onipotência tecnológica. O destino do homem é o amor.

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