Jardineira de Deus



São muitas as coisas que sei fazer bem,

mas será que elas realmente importam?

Queria saber fazer apenas uma,

e mais nenhuma talvez.

Queria eu ser apenas jardineira no plantio de meu coração.

Revolveria a terra com jeito,

escavando fundo e retirando de lá,

todo tipo de rejeito,

pedra, pedregulho e entulho!

Depois constataria a terra ressequida,

pobre, esfarelenta...

Haveria de adubá-la bem,

irrigá-la...

E não faltaria lágrimas para tanto,

de tristezas no passado,

e alegrias no presente!

E adubo é fácil achar,

tudo aquilo que mais não presta

ajuntado, reciclado, moído e amassado,

daria pra fertilizar um bocado de terra!

Depois é semear... 

Vieram sementes boas dos pais,

ou dos avós, ou de tio ou tia queridos, ou de irmão e irmã,

professor, amigo, antigos ou novos amores...

Mesmo em livros eu recolhi um tantão de sementes boas!

Então cuidar, regar, ver crescer, abençoar...

Esperar o tempo, o sol, a chuva...

O jardim brota, nascem as flores, enchem o ar de perfumes,

chegam borboletas, abelhas e beija-flores,

espalha o vento as sementes por outros corações...

E destes, para outros tantos, e toda terra vai sendo pontilhada

de coloridos jardins do Amor!

E entendo eu afinal,

basta ser na vida jardineira de Deus, e nada mais importa...


Ana Liliam



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