Sensível




Era muito sensível,

na verdade não queria vir.

Além do mundo era um aquário,

talvez houvesse mais calma e paz.

Mas era imperioso nascer,

embora o mundo lhe desse medo. 

Um medo tremendo de tudo.

Entre as dores do parto, a dor de nascer de novo, do ar lhe abrindo os pulmões,

ela veio, sem chão, pendurada no ar...

E assim tudo recomeçou.

Ainda menina queria morrer, não podia,

então fechou-se, na casa, na biblioteca, em si mesma.

Era ensimesmada.

E apesar de tudo cresceu, e ora ia para o mundo, ora voltava para si.

Faltava-lhe raiz, sobrava-lhe vento, vento que a levava para longe, até de si mesma.

Um dia foi em busca da verdade, e nesse momento o universo conspirou a seu favor.

Caminhos se abriram, pessoas amigas encontrou.

Fez muitas descobertas, vestiu-se de luz, encontrou ar fresco e muito chão para enraizar.

Choveu, ensolarou-se, se amou e enfim viveu.

Amou a vida, e dançou-a em passos largos e felizes, entre lágrimas de pura alegria!

E agora há muito a aprender, muito a amar, muito para ser feliz, pois a vida só começou.

E não será essa a jornada de todas as almas? Nascer na dor para conhecer e viver pelo amor?


Ana Liliam

 

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